Para que você, leitor, entenda melhor como caí aqui, é preciso que saiba um pouquinho mais sobre mim. Iniciei minhas viagens de forma frequente há cerca de 12 anos e desde então foram muitos novos destinos, começando por Buenos Aires e Orlando e hoje, anos depois, ficando pela primeira vez num hostel em Jampa. 

A vida nos apresenta várias possibilidades e cabe a nós tomar as rédeas e conduzi-la da maneira que desejamos. Mas claro que na prática não é assim tão simples, ainda mais sendo mulher. A gente se perde em vários momentos com tantas demandas e, nem sempre conseguimos traçar estratégias para viver a vida que tanto sonhamos. Por anos fiz o que tinha que fazer de forma automática. Me negligenciei algumas vezes, sem nem perceber isso.

Mas Tati o que isso tudo tem a ver com ficar num hostel? Se esse post tá ficando confuso para você, peço apenas que continue a leitura. Ao final, veja se ele fez sentido ou não. Espero, sinceramente, que faça.

Vou continuar falando um pouco sobre alguns pontos do passado para que você entenda melhor meu momento atual.

Foram muitos destinos incríveis ao longo desses intensos anos, teve:

  • Marrocos e aquela cultura hipnotizante que só conhecia e admirava pelas novelas;
  • diversas idas à Orlando e consequentemente à Disney, fazendo com que eu descobrisse um dos meus lugares favoritos no mundo. Sim, sou daquelas que anda 5 vezes seguidas na mesma atração, ama os minions e é louca pelo simulador deles na Universal;
  • Safari na África, onde eu saía antes das 5 da manhã para avistar os big five, são eles: leão, elefante, búfalo, rinoceronte e leopoardo; 
  • Las Vegas e um voo incrível de helicóptero pelo Grand Canyon;
  • e outras experiências mais. 

Percebeu que só chamei a atenção para coisas externas? Todas essas viagens foram inesquecíveis e maravilhosas mas, de repente, ouvi um boom lá dentro da minha pessoa:

“Quem você é Tati, como é você na essência, o que deseja da vida, o que você ama além de viajar?!”

E, a bem da verdade, eu não tinha resposta para essas perguntas na ponta da língua. Deveria ter né?! Mas não tinha. Elas deveriam estar dentro de mim, mas mesmo eu buscando, não conseguia acessá-las. Meu autoconhecimento, acho que estava compactado demais. Não foi um período fácil, entrei num looping. A certeza que eu tinha, era que necessitava mudar algo, só não sabia o que era exatamente, e muito menos como iria fazer isso.

Decidi começar a terapia, na verdade, nunca tinha feito antes. Foi bom. Iniciei com a cognitiva comportamental e acabei fazendo várias sessões ligadas à terapia holística também. Fiz muitos alinhamentos, algumas sessões de hipnose, constelação familiar, me aproximei da espiritualidade de uma maneira que a muito não vinha fazendo e as coisas foram se abrindo para mim. 

Tudo foi clareando à medida que fui me conectando mais com a minha essência. Claro que esse crescimento não aconteceu de forma linear, fui me fortalecendo ao longo do processo.

Entrei na aula de forró, iniciei um novo esporte, mantive uma rotina frequente de treino, cultivei a fé, fiz novas e lindas amizades, dei um gás no meu segundo job (coisa que já queria fazer há tempos)  e finalmente, decidi que era chegada a hora de voltar a viajar. Eu estava pronta!

Foi aí, quase que despretensiosamente, que veio a ideia de ficar num hostel. Só assim, teria minha própria opinião, não uma ideia daquilo que eu achava que era se hospedar em um “albergue”. Essa nova Tati, um pouquinho aventureira queria se permitir experimentar isso de verdade. Eu só pensava: por que não?!

E foi assim, depois da passagem comprada, que fechei a hospedagem no Oca hostel localizado em Manaíra, no litoral de João Pessoa.

Foi muuuuuito bacana. Estou escrevendo esse post, dentro do avião voltando de JP, retornando para casa e refletindo: eu, tão perfeccionista e incomodada em demonstrar vulnerabilidade me joguei numa situação de desafio, de novidade, e volto feliz por ter vivenciado uma coisa que nunca imaginei viver na vida e saber que isso me agregou.

Agradeço a todos do hostel pela hospitalidade: João, William e Vanessa vocês foram nota 1000. E o que dizer da minha querida amiga de quarto, Luisa? você foi uma companheira de aventuras na medida. Valeu cada minuto ao seu lado.

Te espero no Rio ainda essa ano, mas creio que ainda nos encontraremos por esse mundão afora também. Desejo sua amizade para a vida.

Conseguiram perceber o que ganhei com essa experiência? 

Ampliei um tiquinho mais minha visão de mundo, me desconstruí daquela certeza limitante, saí daquela rigidez do “eu nunca”, troquei meu quarto com cama queen + ar condicionado por um quarto gigante com várias camas de solteiro, 2 beliches, 3 ventiladores de teto, 1 banheiro compartilhado e de brinde vieram ótimos papos até altas horas com uma querida que parecia que conhecia há anos. 

Essa viagem, esse experimentar, essa coragem de fazer algo novo mas tão simples, só me confirmou que muitas coisas boas ainda virão na minha caminhada se eu me permitir. 

Espero estar só no começo!


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